Dança dos vultos

Em uma floresta esverdeada ela dançava; a luz do sol a iluminava através das árvores. Sua beleza não se comparava a nada, seus olhos de um azul profundo como um lago, sua pele clara como a lua, sua voz como o canto das mais belas aves...

Um viajante cruzava a floresta. Perdido, andava entre as árvores até que em uma clareira se encontrou.

A visão da bela moça dançando e cantando à luz do sol do outono, o viajante contemplou a imensa beleza. A moça se sentiu observada, parou sua dança e encarou o viajante a observá-la, seus olhos se iluminaram.

Suas mãos instintivamente se projetaram para frente, o desejo mútuo de se tocar, de sentir o calor um do outro, mas não puderam. Suas mãos se transpassaram, uma através da outra, a busca do calor só encontrou o frio do vento da floresta. A tristeza tomou conta dos corações apaixonados, logo seguida de um desespero, seguido de uma centelha de esperança, o viajante tivera uma ideia.

O viajante partiu, prometendo voltar com a solução para o problema. Partiu com lágrimas em seus olhos, correndo em desespero. O viajante percorreu os quatro cantos da terra, até encontrar um sábio ancião do Oeste. O viajante, contando sua trágica história, compadeceu o coração do druida. Com lágrimas nos olhos, lhe ensinou a fórmula, alertando o imenso risco de sua execução.

Após reunir os materiais, o amante parte ao encontro de sua amada. Ansioso, prepara a poção que prometia juntá-los.

O viajante ingere a poção que desce como chamas em sua garganta e então ele encara o céu, enxerga nele uma forte luz, e lá está: perfeita como nunca a vira, sua voz lhe chamando de longe e sua delicada mão estendida. O viajante estende sua mão temerosa e finalmente, sente nela  o calor do toque de sua amada e o sentimento, como choques elétricos finalmente pode ser partilhado. De mãos dadas, partem para a sua clareira, nada mais pode separá-los pois à frente não existiam lágrimas, só havia o Infinito.